quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Criador & Criatura -Uma visão da Dissidência Inevitável (27 ago 2010)

A cerca da ilusão sobre a natureza das coisas...
“Tal distinção remete-nos, de pronto, para a polaridade estabelecida entre Criador e criatura, sendo que de Um se pode dizer que atuou, atua e atuará na esfera do poder conquistado, e da outra, que atuou e atuará no Mundo dos efeitos, submetido à regra do Tempo.”
Entre muitas outras, esta razão bastará para estabelecer que a diferença de natureza entre O Criador e a criatura, esta na Criação como causa absoluta e transcendente e os efeitos que dela provêm, na forma do Mundo criado. Nesse caso, Do Criador pode dizer-se que Foi e pretende continuar Sendo, da criatura, simplesmente que existe.
Com efeito, a quase provável eleição de Dilma para a Presidência da Republica configura um futuro que “move-se” num quadro de possibilidades mais ou menos restrito e hermético, já que, desde a Criação, nenhuma nova possibilidade foi adicionada às que foram estabelecidas pelo próprio Criador. No entanto, o número indefinido de possibilidades permite um número indeterminado de interações e ações, muitas delas susceptíveis de produzirem uma ilusão de novidade absoluta; e digo absoluta porque algumas delas, tendo aparecido pela primeira vez num tempo histórico, constituem, em determinado grau e nesse tempo, uma novidade.
Com isso, os resultados das interações entre vários elementos da realidade Dilma Presidente, conduzem invariavelmente ao produto das partes que os compõem e, de modo algum, à novas expectativas, partes, realizações ou novos produtos.
Assim, é a ilusão sobre a natureza das coisas que explica como uma coisa ou um fato pode, aos olhos de um observador leigo, modificar-se tanto em função de um discurso político requentado.
E como resultado de uma campanha impiedosamente marcada pela ilusão do “assim é se lhe parece”, se as verdadeiras competências político-administrativas não encontrarem seu lugar, do mesmo modo que o penedo de Sísifo, estaremos retornando sistematicamente para o mesmo ponto de partida, e o que é pior! sem termos exigido nenhuma contra garantia pela confiança empenhada através de nosso precioso voto.
Nada há de novo no PT, que no palco dessa realidade da sucessão presidencial, continua representando uma única peça, variando apenas alguns figurantes, cenários e guarda-roupa. O único diferencial é que a representação parece boa, para aqueles que apreciam um grande espetáculo.
Pode até dar certo! Mas o tiro também pode sair pela culatra Criador se, uma vez eleita, a Criatura, dona de uma personalidade espartana, resolver traçar seu próprio trajeto na sustentação de um estilo próprio que lhe renda prestigio e "aprovação popular" por hora, “gentil e ilusoriamente”, cedidos por seu Criador e, ao final, protagonizar uma dissidência, “Como nunca antes nesse país!”

Anelise Barbosa
Radar Brasil
Data da postagem: sexta-feira, 27 de agosto de 2010 - 10:37

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